Drums on buckets as his three daughters aged seven, six, and four dance. His wife Sonia is always on hand. Wright has been performing on the streets since he was five years old.
"Sometimes old people come past and cover up their ears because it's pretty loud. But except for that, all the shows are good, all the crowds are good. For me, it's relaxing. It lets me do what I love to do. Keeps me out of trouble."
19 junho 2007
11 junho 2007
06 junho 2007
04 junho 2007
03 junho 2007
01 junho 2007
#5
Trabalhas no quiosque amarelo.
Começo o meu dia contigo; ultimamente dou comigo a começá-lo por ti.
Acendo-te.
Inalas o fumo do cigarro que acendes todas as manhãs.
Sorves o teu café e pousas a chávena na tua mesa de madeira gasta pelo sol; e recostas-te a ver o dia e a rua a despertarem.
Exalas o fumo o mais lentamente possível, como se o tentasses parar no tempo – como se tentasses parar o próprio tempo. Todas as manhãs.
Vejo-te da minha varanda. Olhas-me, mas não me vês: não vês quem sou, quem poderia ser para ti, o que poderia fazer por nós.
Inalo-te.
Olhas-me de quando a quando da tua varanda, mas não me vês; algo te turva o olhar e te retira deste mundo.
Nunca nos conhecemos ou sequer falámos; nunca vieste cá sequer para comprar um maço de cigarros. Talvez me dissesses bom dia, ouviria a tua voz então; descobriria o teu nome, José, António, Eduardo, tanto faz, isso não é realmente importante, já te conheço: sei quem realmente és. Para ti não existo, mas já me pertences há muito tempo.
Se agora descesse as escadas, voasse pela rua de calçada, e estacasse perante ti: ver-me-ias então? Verias quem sou? Dir-me-ias o que tanto gostava de ouvir?
Existes, sem saberes que és minha.
Intoxicas-me.
Acabas o teu cigarro, decides-te a entrar em casa.
Tenho que ir – a vida não se constrói só de sonhos – mas não parto sem te ver uma última vez hoje. Ver-te através da janela é ver uma ideia de ti.
Apago-te.
Vês uma última vez para a rua a ganhar vida; olhas-me e premunes-me de ti para o resto do dia. Cá estarei amanhã, e depois de amanhã: até ao dia em que me vejas da tua varanda e desças as escadas do teu prédio e voes pela rua de calçada que nos separa e estaques perante mim, à espera que te diga o que tanto te quero dizer.
Começo o meu dia contigo; ultimamente dou comigo a começá-lo por ti.
Acendo-te.
Inalas o fumo do cigarro que acendes todas as manhãs.
Sorves o teu café e pousas a chávena na tua mesa de madeira gasta pelo sol; e recostas-te a ver o dia e a rua a despertarem.
Exalas o fumo o mais lentamente possível, como se o tentasses parar no tempo – como se tentasses parar o próprio tempo. Todas as manhãs.
Vejo-te da minha varanda. Olhas-me, mas não me vês: não vês quem sou, quem poderia ser para ti, o que poderia fazer por nós.
Inalo-te.
Olhas-me de quando a quando da tua varanda, mas não me vês; algo te turva o olhar e te retira deste mundo.
Nunca nos conhecemos ou sequer falámos; nunca vieste cá sequer para comprar um maço de cigarros. Talvez me dissesses bom dia, ouviria a tua voz então; descobriria o teu nome, José, António, Eduardo, tanto faz, isso não é realmente importante, já te conheço: sei quem realmente és. Para ti não existo, mas já me pertences há muito tempo.
Se agora descesse as escadas, voasse pela rua de calçada, e estacasse perante ti: ver-me-ias então? Verias quem sou? Dir-me-ias o que tanto gostava de ouvir?
Existes, sem saberes que és minha.
Intoxicas-me.
Acabas o teu cigarro, decides-te a entrar em casa.
Tenho que ir – a vida não se constrói só de sonhos – mas não parto sem te ver uma última vez hoje. Ver-te através da janela é ver uma ideia de ti.
Apago-te.
Vês uma última vez para a rua a ganhar vida; olhas-me e premunes-me de ti para o resto do dia. Cá estarei amanhã, e depois de amanhã: até ao dia em que me vejas da tua varanda e desças as escadas do teu prédio e voes pela rua de calçada que nos separa e estaques perante mim, à espera que te diga o que tanto te quero dizer.
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