01 novembro 2007

#7


Acordes doces, gentis. Teclas carregadas suavemente, quando é a tua pele que toco.
Tudo o que não faço porque me prendo a ti; e tudo o que faço nunca é feito sem a tua imagem.
Toco, repito, continuo: não te deixo fugir, não paro. Acorde atrás de acorde: sempre tu.

Não sei porque toco, não te tenho: podê-lo-ia; mas tenho medo, não consigo sair deste compasso. Perder tudo o que tenho agora só por ti, era a maior mostra do aprisionado que sou por ti. Mas receio que não bastes para encher o medo do vazio.
Não sou digno de ti como te ideio. Não arrisco por ti, ainda menos por nós!, mantenho-me impávido.
Carrego as teclas, não as sinto.

Sinto-me dividido. Durmo uma vida e desperto noutra, sem saber em qual me aninho realmente. Invento sorrisos e piadas: invento-me todos os dias. Dia após dia. Sou descartável: não existo: sobrevivo.

Uma cópia de vida, impressa em dias, a cinzento. Porque não me decido a ser quem sou.

Repito. Teclo. Acordes doces, gentis. Prendem-me: não vou a lado algum.

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