27 maio 2007

20 maio 2007

17 maio 2007

Amanhã recomeço o part-time...

... e é assim que me sinto quando trabalho:

14 maio 2007

#4

O som começa a fazer sentido. Lentamente, torna-se distinto: é o som de ondas.
O quanto a dor que a água fria lhe provoca teima em despertá-la.
Abre os olhos, e, por algum tempo, a luz é-lhe insuportável, precisa de algum tempo para se habituar à claridade. Por fim, vê-se numa praia.
Levanta-se da água: o frio a infectar-lhe os ossos, a rasgar-lhe os pés.
Passa as mãos pela cara, esfrega-a; despacha-as pelo cabelo.

Tenta concentrar-se. Nada faz sentido. Uma praia? Como?
Pensa, insiste: é difícil concentrar-se, a mente geme.
É então que uma sombra se apodera dos sentidos. A dúvida cresce, transforma-se em medo, o medo pinta-se de pânico. É difícil respirar, e o pouco fôlego que se apressa queima-lhe os pulmões.
Perde o controlo das lágrimas, deixa-se cair na areia.

A maresia impregnada na pele, as ondas que lhe lavam o vestido, o sabor quente do sol, a boca áspera do sal: nada disso existe agora.
Nada importa neste preciso momento, quando não consegue dar resposta ao que lhe foge pela voz:
- Quem sou eu…?

12 maio 2007

#3 - Oito Palavras

- Quero-te.
- Desejo-te.
- Casa comigo.
- Sou teu.
Felizes.
Juntos.

11 maio 2007

#2 - C(s)em Palavras

- Está tudo perfeito. Perfeito DEMAIS.
Sorris. Sentes-te vitoriosa, e conseguiste.
– Por vezes sinto-me impelido a dizer-te o que não posso.
Desafio-te, mas não corro perigo.
- O que não me podes dizer?
Ripostas. Arrisco.
- Posso... mas não devo.
Que faço eu? Tremo: arrisco demais.
– Tenho que manter... – vacilo– ...uma conduta. És minha amiga...
- Mas de que falas tu?
Atacas-me: sabes do que falo. Teimo:
- Prefiro não to contar.
Noto um nervoso miúdo em ti. Coro.
- Mas porquê? Porque começas estas conversas e não as acabas?
Encorajo-me: dir-to-ei agora, quando é tudo tão perfeito.
Inalo uma arfada forte de ar. Olho-te. Não consigo: tenho medo.

Tento escapar, tomo uma postura sábia e indiferente, e magoo-me:
- Por vezes temos que fazer o correcto, e esquecermos os nossos impulsos.
Olho para ti, e os teus olhos, mesmo antes de se fixarem nas tuas mãos, dizem-me tudo.
- Se não és honesto contigo mentes-me. - murmuras.
Perdi.

Respiro.
Não tenho coragem para te dizer: estás certa.
Respiro.
Tens razão.
Quero-te.

Heart-Shapped Glasses (When the Heart Guide the Hand)

Primeiro single do Eat Me Drink Me.

10 maio 2007

De quem é a culpa?!?



Aqui está um e-mail que recebi de um grande amigo meu, quando estava em Itália:


"Caro colega,

No primeiro round de exames fiquei KO, pensava que tinha treinado durante o semestre, mas só concluo que vim para a UA fazer turismo.

A culpa é da sociedade que não me preparou, ou pelo menos não me deu as condições necessárias para que tivesse aproveitamento nos anos precedentes. A culpa é dos professores mal formados e que não souberam ou não quiseram ajudar-me a ultrapassar as dificuldades de aprendizagem. A culpa é dos professores que se preocupam em dar a matéria e em ter emprego no ano seguinte. A culpa é do estado que anda sempre a aumentar os imposto e depois fico sem dinheiro para explicações. A culpa é dos professores, porque se ensinassem já não precisava de explicações, mas não se descarta daí as culpas do estado por cobrar muitos imposto e deixar-me sem dinheiro para as explicações, é certo que preciso de explicações por culpa dos profesores, mas a culpa é do estado, porque é ele que os põe lá. A culpa é do Sr. Lemos (o nosso senhorio) que cobra muito dinheiro por um quarto pequeno, sem condições para o estudo, sem circulação de ar, o excesso de dióxido carbono provoca sonolência e impede o raciocino lógico, podendo em caso extremo levar a um estado de alucinações. Já não consigo levantar-me da cama antes das 10h, por culpa do excesso de dióxido carbono acumulado durante a noite.
Qualquer dia começo a libertar monóxido de carbono e como costumas dizer ... “vou de c*#a”

A culpa de tudo até pode ser minha e como futuro engenheiro que espero ser, tenho de provar, tenho de por as hipóteses e provar as teses, mas não consigo fazer isso porque a sociedade não me ajuda a encontrar um quarto condigno a bom preço, os professores não ajudam, porque continuam a ensinar mal, o estado não ajuda porque cobra elevadas propinas e como tal estou condenado...

Ontem vi que não respeitava uma das regras para poder frequentar cálculo 3 no segundo semestre e não me deixavam fazer a inscrição, estava a ver que era preciso lamber as botas da eminência do exmo do professor do doutor possuidor de uma superioridade moral e intelectual que é o nosso vice-reitor.

Os horários já estão na net, tentei telefonar-te mas puff .... deves ter deixado o roaming aki com os tugas."


Pura arte...

#1

Que horas são, perguntou-se. Músculos adormecidos, o pescoço dorido, despertando aos poucos.
Mais um dia. Levantou-se, inconformado pelo dia começar onde os sonhos não acabam.
Espreguiçou-se. Vestiu-se. Lavou a cara; olhou-se culpado ao espelho. Estou a envelhecer, anuiu.


O almoço parecia bom. Aliciado, não comeu, devorou. Três minutos passados e arrependia-se da velocidade com que almoçou; o que esperava que lhe alimentasse a alma só lhe esvaziou o contentamento. Para a próxima almoço mais devagar, foi uma pena.

Computador. O seu eterno companheiro.
Um mundo de hipóteses, uma única situação real.
Não vou pensar nisso agora... Ah, apareceste finalmente, amiga, e de amiga tens tão pouco que nunca te vi, nunca conversámos nem nos rimos juntos; és um texto que me surge no ecrã quando espero que não o sejas.
Um possível encontro, e alegria por ter algo que fazer, por se sentir útil e necessário.
As horas que passam, o encontro que não se confirma.
Preciso ocupar o tempo de algum modo.

Como as teclas parecem suficientes. Agora que as usa parecem tantas e tão complexas. A música começa, num arranque mecânico. É preciso dar-lhe alma. A vontade de criar atropela-se. Muito melódica. Muito melancólica. Assim muito presunçosa.
Tanta hipótese, a dificuldade de escolha. Em breve, em breve...

Compras.
Tudo tão necessário, e tudo tão trivial. As coisas que as pessoas procuram e que não precisam. Que pensarão elas neste preciso momento? Como decidem o que lhes faz falta, o que as define? Sempre ocupadas, sempre em correrias. “O jantar que tenho que ir fazer, os miúdos que esperam por mim. Que perfume vou comprar, e será que passará a olhar para mim?” Será que estas pessoas param para respirar; será sequer que se lembram que respiram?

O jantar parecia bom. Contente, não comeu, devorou. Três minutos passados lembrou-se que iria arrepender-se. A alma descontente. Não consigo parar de me fazer isto...

Uma noite de café igual a tantas outras, como se de uma só noite infinda se tratasse. O frio do ambiente, as caras que não mudam, as expressões que tardam. Olá como estás, o quanto eu não me interesso.
A vontade de fazer algo, e a falta de ideias. Embaraçado por si próprio, não tarda em decidir-se a voltar a casa.
A viagem de carro é muito mais aliciante: uma estrada em frente, não se olhar para o que se deixa para trás, só um ser e o desejo de aventura.
Todos os caminhos vão ter à realidade; chega a casa.

Computador.
Conversas metódicas. O que tens feito? E então? Ilude-me, por favor, preciso de mais que isto.

Que horas são, perguntou-se. Músculos adormecidos, o pescoço dorido, adormecendo aos poucos.
Mais um dia. Deitou-se, inconformado pelo dia acabar onde os sonhos não começam.
Espreguiçou-se. Virou-se. Fechou os olhos; olhou-se, culpado. Estou a envelhecer, anuiu.