11 maio 2007

#2 - C(s)em Palavras

- Está tudo perfeito. Perfeito DEMAIS.
Sorris. Sentes-te vitoriosa, e conseguiste.
– Por vezes sinto-me impelido a dizer-te o que não posso.
Desafio-te, mas não corro perigo.
- O que não me podes dizer?
Ripostas. Arrisco.
- Posso... mas não devo.
Que faço eu? Tremo: arrisco demais.
– Tenho que manter... – vacilo– ...uma conduta. És minha amiga...
- Mas de que falas tu?
Atacas-me: sabes do que falo. Teimo:
- Prefiro não to contar.
Noto um nervoso miúdo em ti. Coro.
- Mas porquê? Porque começas estas conversas e não as acabas?
Encorajo-me: dir-to-ei agora, quando é tudo tão perfeito.
Inalo uma arfada forte de ar. Olho-te. Não consigo: tenho medo.

Tento escapar, tomo uma postura sábia e indiferente, e magoo-me:
- Por vezes temos que fazer o correcto, e esquecermos os nossos impulsos.
Olho para ti, e os teus olhos, mesmo antes de se fixarem nas tuas mãos, dizem-me tudo.
- Se não és honesto contigo mentes-me. - murmuras.
Perdi.

Respiro.
Não tenho coragem para te dizer: estás certa.
Respiro.
Tens razão.
Quero-te.

1 comentário:

Anónimo disse...

...lindo...